domingo, 14 de março de 2010

Por uma Comunicação Social

Quando me graduei na universidade, lembro bem da nomenclatura oficial do curso: Comunicação Social com habilitação em jornalismo. Mas até hoje o termo social, junto à palavra comunicação, incomoda-me um pouco e me causa ainda uma certa perturbação. Pensar que a comunicação social não é social em essência já me deixou mais chateado, porém hoje eu vejo que o caráter social do jornalismo, que pouco existia no passado, parece estar desaparecendo por completo. Basta uma ligação para certas redações de jornais ou emissoras de TV do Brasil e a constatação é garantida. Uma pauta que realmente interessa à sociedade no que diz respeito não apenas à assistência social, mas à formação humana só ganha espaço a um custo elevado. “Vamos ver se vai ter espaço”, “Estamos com poucas equipes”, “ De repente, semana que vem”, são as principais frases-justificativas para que a matéria jornalística não seja veiculada ou publicada.
Mas minha chateação virou reação. Ainda acredito que existam condições de se produzir conteúdo social de relevância para as mídias segmentadas ou de massa. O próprio blog Jornalismo Adventista é uma prova disso. São jornalistas com uma fé bem definida (adventistas) que vasculham notícias onde é mostrada gente, em oito países sul-americanos, capaz de fazer a diferença em suas regiões com ações de saúde, educacionais, sociais, religiosas, assistenciais, apesar das dificuldades e dos recursos escassos. E esses jornalistas escrevem diariamente em seus sites, blogs, revistas e criam programas, notícias para TV e rádio onde reportam uma realidade que ainda existe: a da formação hoje e de um futuro com esperança em Deus.
Eu sinceramente acreditava que a comunicação social já se tornara máxima acadêmica ou, na melhor das hipóteses, alguma sonora expressão típica de pensadores da comunicação teórica e sistêmica. Mas consigo enxergar comunicação social, que é a comunicação em si, através da divulgação do movimento adventista com seus valores, seus princípios, sua relevância e sua importância em uma sociedade como a de hoje que padece pela falta de tudo isso que eu mencionei. O movimento adventista existe para apresentar ao mundo Jesus Cristo e Seus ensinos como a salvação espiritual das pessoas por meio de muitos instrumentos, inclusive a divulgação jornalística. É isso que move o grupo de jornalistas adventistas sul-americanos, tanto os que estão em instituições quanto os que não estão.
Se a palavra social extrapola seus sentidos mais convencionais, então podemos entendê-la como algo que muda, transforma e modifica de forma contundente a vida. Jesus era um comunicador social na medida em que Sua vida, mais do que Sua retórica, foi responsável por agitar uma sociedade absorta em religiosidade artificial, opressão política, preconceitos intermináveis e violência velada e explícita. Nem todos mudaram seus conceitos, mas a realidade foi agitada.
Os comunicadores sociais modernos adventistas têm a missão, junto com tantos outros que também não têm formação específica, contudo que agem na prática assim, de fazer sua parte. De apresentar boas notícias, boas-novas (evangelho) para gente que carece e perece sem esperança no tempo atual e muito menos em relação ao que vem pela frente. Há histórias ainda escondidas por esta América do Sul que precisam ser contada, recontadas, divulgadas, espalhadas, partilhadas e evidenciadas para que a luz brilhe. “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:16)”. Amém!

Felipe Lemos, jornalista

Um comentário:

  1. Evento Histórico

    A constatação exata do que representou para a Igreja Adventista o 1o. Encontro de Assessores de Comunicação, só no futuro.

    Acompanhei a revolução nestes últimos 22 anos, em que atuei como diretor de comunicação em Missões, Associações e também em duas Uniões Brasileiras: Norte e Este. Fazia-se de tudo, desde escrever a notícia usando as "gloriosas" IBM elétricas (um luxo), até editar e publicar o texto em mimeógrafos a álcool. A distribuição era via correio, ou, de mão em mão.

    Assim, os antigos boletins de notícias tinham produção artesanal, feitos por pastores que tinham alguma "veia jornalística". Na região amazônica, por exemplo, as principais reportagens eram transmitidas via rádio, cuja base fica na Avenida Mauriti, em Belém, PA.

    Como participante do Projeto Prisma, (o avô do atual Projeto Calebe), vivi esta emoção na década de 70. Após a realização de campais nos rios Solimões (Tefé, Coari), Juruá (Eirunepé) ou no Amazonas (Parintins), notícias para o boletim "UNB Informa" eram transmitidas via telegráfica, assim que o barco chegava a cidade grande mais próxima. (Fui telegrafista de 1969 a 1976)

    Nos anos 80, lembro-me de um Batismo da Primavera ocorrido na comunidade indígena de Sorokaima, no marco BV 8, na divisa com a Venezuela, onde escrevi o lead no bloquinho, mas, o texto final concluído em uma cabine de Telex, dos Correios na capital Boa Vista, RR.

    A matéria para Revista Adventista (RA) foi recepcionada pela secretária de redação da CPB (Andréia), pois naqueles idos a Casa Publicadora Brasileira mantinha um terminal próprio de telex, em Santo André, SP.

    Por isso, é emocionante ver uma geração de jornalistas, jovens profissionais, que se articulam para inusitados desafios da Missão da Igreja.

    A criação da ASN, a Agência Adventista de Notícias, que em 1995, após a Conferência Geral de Utrech, Holanda, dá os primeiros passos; e a implantação do Curso de Jornalismo no UNASP, são fatores determinantes de um novo tempo para a comunicação adventista.

    Fiquei feliz em saber que os "pastores com feeling", não estão descartados. "Os comunicadores sociais modernos adventistas têm a missão, junto com tantos outros que também não têm formação específica, contudo que agem na prática assim, de fazer sua parte". Obrigado.

    O "Ide" de Cristo é fundamentalmente um processo de comunicação em si e per si. Por isso, cresce a cada dia uma plêiade de profissionais e "não profissionais" ávidos por registrar os milagres que Deus tem feito na vida das pessoas.

    Concordo com a opinião do mestre Felipe Lemos: "São [esses] jornalistas com uma fé bem definida (adventistas) que vasculham notícias...apesar das dificuldades e dos recursos escassos. [Eles] escrevem diariamente em seus sites, blogs, revistas e criam programas, notícias para TV e rádio onde reportam...um futuro com esperança...".

    O evento foi histórico não porque foi o primeiro, mas, sim, porque reuniu jornalistas que se movem pela esperança.

    Que venham as pautas!

    Maranata.

    Abraço

    Jael Eneas
    Pastor Adventista
    Colaborador da RA desde 1978.
    www.jaeleneas.blogspot.com

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